Com foco no alto rendimento, mas sem esquecer da base, Piauí vira referência no badminton
Dois projetos esportivos com características diferentes estão por trás do sucesso do Piauí no badminton. O alto rendimento é desenvolvido no projeto Joca Claudino. Já a massificação, por meio de ferramenta educacional e inclusiva, é realizada pela Associação de Badminton do Grande Dirceu (Asbagdi). Com essas e outras iniciativas, que envolvem ONGs, a iniciativa privada e o poder público, Teresina se tornou a capital da raquete e da peteca, com seis quadras públicas exclusivas para o esporte.
Tudo começou quando o Brasil recebeu os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro 2007. Na época, a Confederação Brasileira de Badminton (CBBd) promoveu um projeto de divulgação da modalidade, percorrendo o país levando informações sobre o esporte. Na ocasião, o piauiense Francisco Ferraz, que hoje é presidente da CBBd, morava no Paraná e teve o primeiro contato com o esporte. Quando voltou para Teresina, levou a novidade para as escolas particulares. Um ano depois, a raquete e a peteca era sucesso nas escolas públicas. Não demorou para a cidade abraçar a modalidade.
O estado conta com com 73 atletas na última etapa do Campeonato Brasileiro de badminton, em Fortaleza, formando, assim, a maior delegação de jogadores. No esporte de base, o Piauí conta com as melhores revelações. São campeões nacionais, internacionais e atletas entre os 10 melhores do ranking.
O polo de alto rendimento do Joca Claudino é uma das equipes mais fortes do país. "O segredo é a seriedade no trabalho. Nós focamos nos atletas de alto rendimento. Fazemos peneiras para selecionar novos talentos para aperfeiçoar e garantir que eles despontem no cenário nacional e internacional. Nós treinamos para competir", explicou Vladmir Miranda Mota, professor e preparador físico no Joca Claudino.
Com trabalho especializado, o projeto de alto rendimento atende 35 jovens, com idade entre 7 e 20 anos. Nos últimos três anos, a equipe foi considerada a melhor do Brasil, com atletas que acumulam títulos pan e sul-americanos em todas as categorias de base. Em Fortaleza, a equipe conta com 26 jogadores disputando o Campeonato Brasileiro.
Massificação
No Piauí, o badminton vai além das medalhas. O esporte é a ferramenta social e educacional promovida pela Associação de Badminton de Grande Dirceu (Asbagdi), na região de Grande Dirceu. No Brasileirão em Fortaleza, os atletas do projeto integram a maior delegação do evento, com 34 alunos.
As escolinhas de badminton atendem mais de 100 crianças e adolescentes da comunidade. As atividades são realizadas na escola Municipal Parque Itararé, com atividades abertas aos moradores da região.
"Estamos fazendo o esporte de educação e, por tabela, estamos formando campeões, com algumas crianças já recebendo até Bolsa Atleta. É um esporte que atende aquelas crianças que não gostam de futsal, handebol ou de outros esportes que tradicionalmente são passados aos alunos nas aulas de educação física. Eles acham o badminton diferente e acabam gostando e praticando", disse a professora Ana Cristina Silva, presidente da Asbagdi.
Ana Cristina acrescenta que as atividades são voltadas para crianças com idade entre 7 e 17 anos. "Os alunos gostam tanto que temos dois adultos que se formaram em educação físicas e são monitores do projeto e ajudam a gente com trabalho voluntário", orgulha-se.
Aos sábados, o ginásio onde as atividades são desenvolvidas vira uma grande celebração do esporte. "Além das atividades normais durante a semana, nós abrimos para todas as crianças que têm o desejo de entrar na escolinha, pois as vagas são limitadas. Chegando atender mais de 130 crianças em um único dia", revela.
CT Exclusivo
Acreditando na vocação da cidade para o esporte, o Ministério do Esporte investiu R$ 4,9 milhões na construção do Centro de Excelência em Badminton, no complexo esportivo da Universidade Federação do Piauí (UFPI). O complexo, exclusivo para a modalidade, conta com ginásio com seis quadras, com base nas regras internacionais, além de arquibancada com capacidade para cinco mil torcedores.
A instalação já conta com 90% da obra executada. Será a primeira no país construída exclusivamente para a prática da modalidade. "A instalação conta com padrão voltado para os jogadores de badminton. Quando a obra terminar, os atletas da Seleção Brasileira vão treinar lá, tanto a equipe principal quanto as da base", explicou Vladmir Mota.
"O estado ganhou uma obra de R$ 5 milhões e conseguiu manter os recursos até a entrega do equipamento. Ele será o nosso centro de treinamento e é um dos legados dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, além de contribuir com a qualidade técnica da modalidade. Temos hoje a demanda do ar condicionado, pois a cidade é muito quente. Esperamos conseguir comprar o equipamento para inaugurar espaço para os nossos atletas", disse o presidente da confederação, Francisco Ferraz.
De Fortaleza, Breno Barros - rededoesporte.gov.br